Quando
falamos em tecnologias e recursos que auxiliam a criança ou adolescente com
deficiência na sala de aula, devemos lembrar que eles não são recursos que
magicamente farão o aluno superar suas dificuldades. Qualquer que seja o
auxílio pensado, sempre passa pela percepção que o professor tem sobre as
dificuldades e possibilidades de seu aluno. O auxílio só faz sentido a partir
desta relação. Por isso, dizemos que não há regras, existem sugestões para
ajudar o professor a pensar em possibilidades, mas isto sempre será posterior a
este primeiro contato e conhecimento prévio do professor em relação a criança
ou adolescente.
Os alunos com
deficiências geralmente usam os mesmos recursos materiais que os demais alunos.
Existem, no entanto, adaptações que podem ser necessárias para facilitar a
realização de atividades para quem possui alguma limitação motora, sensorial ou
cognitiva. Esses recursos são chamados de “ajudas técnicas” ou “tecnologias
assistivas”.
Infelizmente,
esses recursos são caros para a maioria das pessoas com deficiência. É aí que
entra a criatividade da professora que engrossa o lápis com fita adesiva para
que o aluno possa segurá-lo melhor e, sem saber, também está fazendo tecnologia
assistiva, por exemplo.
Lembre-se
que:
• as
adaptações devem auxiliar o aluno e o professor;
• a
necessidade de cada aluno com deficiência é única ; portanto, a família e ele
mesmo devem participar da criação e da escolha dos recursos que podem ajudá-lo;
• o recurso
deve sempre ser reavaliado pelo aluno e pelo professor, para ter certeza de que
está realmente sendo útil e como pode ser aprimorado ou substituído;
• as
adaptações também podem servir para facilitar o uso do banheiro, da cozinha ou
do refeitório, do pátio, das quadras, dos parques, dos auditórios, das salas de
aula e de informática, ou seja, todos os ambientes escolares frequentados pelos
alunos podem necessitar de adaptações.
Muitas vezes,
nós, professores — depois de algumas tentativas frustradas com o aluno com
deficiência — acabamos concluindo, erroneamente, que a criança não tem
condições de aprender.
Nesses
momentos, é bom lembrar que cada caso é um caso. Confie na sua criatividade,
no seu bom senso e, principalmente, na opinião do aluno. Se não conseguir
resolver a dificuldade, talvez seja interessante buscar a opinião de
profissionais da área de reabilitação ou especializados em educação de crianças
com deficiência. Pessoas com formações diversas podem abordar a dificuldade sob
perspectivas diferentes, o que pode ser útil em situações mais complexas.
Ao observar
um aluno, não olhe apenas as dificuldades. É importante verificar as
habilidades e as formas que ele usa para vencer desafios. Se achar que vale à
pena mudar ou incrementar essas estratégias, converse com o aluno e, acima de
tudo, respeite a opinião dele
Como saber
qual é o recurso que seu aluno precisa?
Aqui vão
algumas sugestões, baseadas na experiência de outros professores:
• Observe o
aluno durante as aulas, o intervalo, a hora da entrada e saída e demais
atividades escolares. Preste atenção nas dificuldades e soluções que ele adota
para lidar com suas limitações;
• Converse
com o aluno e pergunte se ele acha que precisa de outros recursos;
• Avalie e
defina com o aluno quais as atividades que podem ser facilitadas com uso de
materiais pedagógicos adaptados ou tecnologias assistivas para as atividades da
vida diária;
• Converse
com o aluno, sua família e colegas de sala para encontrar soluções. Converse
com outros profissionais que também trabalham com o aluno;
• Pesquise
produtos disponíveis no mercado, materiais e objetos baratos que podem ajudar a
desenvolver habilidades. Pense nas formas de construir este objeto;
• Considere
todas as opiniões, especialmente, as do aluno, e faça a escolha, considerando
os recursos financeiros. Desenhe as propostas ou faça um modelo, se for
possível;
• Faça
parcerias com a comunidade: faculdades, escolas SENAI, marcenarias, oficinas de
costuras, metalúrgicas, que podem ajudar a desenvolver e construir o
equipamento;
• Em conjunto
com o aluno, escolha o melhor processo de confecção do equipamento;
• Incorpore o
recurso às atividades escolares, observe e pergunte ao aluno sobre como se
sente;
• Verifique
se o objeto cumpriu plenamente sua finalidade e se as condições do aluno mudam
com o tempo, ou se é necessária alguma mudança.
É importante
relembrar que as tecnologias assistivas vão desde uma fita crepe colocada nos
cantos do papel para que a folha não escorregue com os movimentos involuntários
de um aluno com deficiência motora, a criação de um jogo da memória com
desenhos feitos em relevo (com cola plástica, dentre outras alternativas) até
um software adaptado para que os cegos possam ter acesso ao computador.
Portanto, não se assuste professor! Uma boa dose de criatividade fará com que
você encontre soluções simples para facilitar o aprendizado de seus alunos.
Caso não
disponha de nenhum recurso material, você pode pedir para que um outro aluno
segure a folha para que a pessoa com deficiência motora possa fazer sua
atividade. O importante é que, mesmo sem recursos, você encontre soluções para
que seu aluno possa acompanhar as atividades da sala de aula. O que conta
verdadeiramente é a sensibilidade do professor em relação ao aluno e a
disponibilidade para encontrar soluções que o ajudem.
Equipamentos
que todos podem aprender a usar
Recursos para
Deficientes visuais:
• Reglete
(tipo de régua para se escrever em braile) - O papel fica preso entre essa
régua e um pedaço de madeira. Com a punção (um pino com ponta de metal afiada)
faz os buraquinhos que formarão as palavras em alto relevo do lado do avesso. A
escrita é feita da direita para a esquerda e a leitura da esquerda para a
direita;
• Punção é o
lápis - ou a caneta da pessoa cega;
• Máquina
braile - é a máquina de escrever usada pelas pessoas cegas. Possui nove teclas.
Para digitar, basta fazer as combinações de pontos em relevo, pressionando as
teclas;
• Mapa tátil
para ensinar geografia e informar sobre a localização de lugares para pessoas
cegas. Pode ser feito recobrindo-se os mapas comuns com materiais com texturas
diferentes ou com areia, argila, massinha etc.;
• Lupas, lentes
de aumento e réguas de leitura.
• Soroban - é
um instrumento de cálculo de origem oriental, formado por continhas de madeira
ou de plástico enfiadas em arames. Ele é vantajoso como material de apoio ao
ensino da matemática por ser um recurso tátil, de fácil manejo e de custo
reduzido. Com ele o estudante aprende concretamente os fundamentos da
matemática, as ordens decimais e seus respectivos valores, as quatro operações
e mesmo cálculos mais complexo.
Recursos para
os Surdos:
Os surdos
baseiam-se também nas pistas visuais.
A utilização
de recursos visuais adequados facilita a compreensão do que está sendo
ensinado. Alguns desses recursos são: objetos, filmes, fitas de vídeo, fotos,
gravuras de livros e revistas e desenhos etc A escrita e ainda o uso da língua
de sinais, da mímica, da dramatização, de expressões faciais e corporais de
gestos naturais e espontâneos ajudam a dar significado ao que está sendo
estudado.
A criança
surda e a comunicação:
• Alguns pais
preferem que seus filhos aprendam a falar, outros preferem que aprendam a
Língua Brasileira de Sinais, chamada também de Libras. Há os que querem que
seus filhos aprendam ambas as línguas;
• Não devemos
esquecer que a própria criança ou adolescente tem o direito de escolher qual o
tipo de comunicação que prefere utilizar. Alguns sentem-se mais à vontade para
se expressarem através da língua de sinais, e outros através da língua
portuguesa. Isto deve ser respeitado;
• Para que
possa expressar seus desejos e suas necessidades, a criança surda deve aprender
algum tipo de linguagem;
• A escola
precisa preparar a criança surda para a vida em sociedade, oferecendo-lhe
condições para aprender um código de comunicação que permita sua participação
na sociedade;
• Jogos,
desenhos, dramatizações, brincadeiras de faz-de-conta, histórias infantis
ajudam a aquisição da linguagem e a aprendizagem de conceitos e regras de um
código de comunicação.
Recursos para
deficiência motora:
A crianças
com deficiência motora têm dificuldade para segurar o lápis e coordenar os
movimentos podem ter maior independência com a utilização de algumas adaptações
nos materiais escolares.
Experimente:
• Os lápis
podem ter seu diâmetro engrossado por várias camadas de fita crepe, argila,
espuma, massa do tipo epóxi ou outro material;
• Evitar o
uso de cadernos que são difíceis de fixar na mesa; prefira a folha solta de
tamanho A4 ou papel manilha (papel de embrulho);
• Prender o
papel nos quatro cantos com fita crepe larga e que suporte os movimentos de
traçado da criança;
• Atividades
preparadas pelo professor com traçado grosso feito com pincel atômico em
tamanho grande para melhor visualização, percepção e entendimento da criança;
• Traçados de
desenhos, letras, números feitos na cor preta em papel branco;
• Prancha
elevatória para aproximar a folha, caderno, livro, etc e melhorar visualização
e manipulação do aluno;
• Para a
criança na fase de construção da escrita, faça linhas com pincel atômico e
espaço entre linhas de acordo com o tamanho da letra do aluno. O espaço entre
as linhas pode ser diminuído gradativamente;
• Para a
criança com dificuldade de percepção espacial (não consegue encontrar
determinada letra no meio de outras, perdendo-se e frustando-se), experimente
isso: numa tira de cartolina ou papel cartão nas cores branca ou preta, faça um
buraco retangular de tamanho suficiente para destacar uma letra ou número.
Basta deslizar a janela sobre o papel para o aluno localizar e reconhecer letra
ou número.
Fonte: Educação Inclusiva: O que o Professor tem a ver com isso?
Disponível em: http://saci.org.br
Disponível em: http://saci.org.br
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